TRABALHOS

LAVRA (2020-2022)
instalação coreográfica
(em processo)


foto Marcela Guimarães



CLARIDADE (2021)
vídeo
SESC SP


foto Daniel Dias

Dar à luz, cuidar da luz, atravessar o escuro e clarear. 
Maternidade e trabalho numa brincadeira de mãe e filho.

ficha técnica
dança Érica Tessarolo e Otto Tessarolo Dias / música Daniel Dias e Lucas Casacio / vídeo Érica Tessarolo e Daniel Dias


QUASE ESPECÍFICA (2021)
série de vídeos
Lei Aldir Blanc


foto Daniel Dias

Série de três videodanças criada a partir de três paisagens da cidade de Bragança Paulista. Faz referência ao conceito de "site specifc" cujas obras artísticas são configuradas em situações espaciais particulares, assim como ao conceito de "não lugar" que aponta a inespecificidade de determinados espaços parecendo pertencer simultaneamente a diferentes sítios.

Entre o substantivo e o verbo, a fotografia e o vídeo, o desenho e a dança, nas indisciplináveis brechas das linguagens, três imagens para descansar os olhos e contemplar a impermanência. 

Projeto contemplado pelo Edital Prêmio Aldir Blanc para projetos culturais do município de Bragança Paulista.

ficha técnica

concepção e performance Érica Tessarolo / produção e trilha Daniel Dias



O PEIXE (2017)
instalação coreográfica
PROAC 04/2016



foto de Pérola Mathias

O PEIXE é uma instalação coreográfica. Uma imagem atravessada pelo movimento. Um ser que vai adiante vivo pela matéria que é e pela matéria na qual está inserido. 


O PEIXE é fruto de SEGUINTE - pesquisa pautada por questões autobiográficas da artista em relação ao nascimento prematuro de seu filho; um espaço/tempo de aceitação; uma transição entre ciclos; um esboço do porvir.

SEGUINTE compreende a dança como um fluxo em desenvolvimento contínuo assumindo a coreografia como um recorte deste fluxo; desconstrói supostos limites entre um gesto comum e um gesto dançado revelando o movimento ininterrupto do corpo que vive. 

Produção contemplada pelo "Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo - ProAC 04/2016" (2016-2017) e pesquisa contemplada pelo "Programa Mergulho artístico: bolsas de investigação das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo" (2014-2015). 

ficha técnica
concepção e performance Érica Tessarolo / paisagem sonora Daniel Dias / gravação e masterização de áudio Nelson Pinton (Vitrola Digital Studio) / figurino e design gráfico Renan Marcondes / iluminação Lui Seixas e Renan Marcondes / texto do programa Artur Kon / desenho do programa Érica Tessarolo / provocação da pesquisa Carolina Callegaro / oficinas da pesquisa Beatriz Sano e Renan Marcondes / fotos/registros Cris Lyra e Pel Mathias / vídeo/convite Henrique Cartaxo / vídeo/registro Bruna Lessa e Cacá Bernardes (Bruta Flor Filmes) / assessoria de imprensa Frederico Paula (Nossa Senhora da Pauta) / produção Daniel Dias 


SEGUINTE (2014-2017)
pesquisa em dança
Programa Mergulho Artístico/2014-2015 
PROAC 04/2016


foto de vídeo

Pesquisa iniciada em outubro de 2014 com o apoio do Programa Mergulho Artístico: Bolsas de Investigação das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo. Representa, para a artista, o impulso de seguir adiante profissionalmente após uma forte experiência pessoal, tratada não como tema ou assunto, mas como motor de mudanças significativas na corporeidade da sua dança.

Em 2015, um esboço de obra coreográfica foi apresentado na Oficina Cultural Oswald de Andrade como conclusão da vigência da bolsa. Em novembro de 2016, contemplada pelo Programa de Ação Cultural de Secretaria de Cultura do Estado de SP – PROAC 04, Érica Tessarolo deu início ao processo de aprofundamento e elaboração estética dessa pesquisa, convidando outros artistas para colaborarem.

Em linhas gerais, SEGUINTE compreende a dança como um fluxo em desenvolvimento contínuo assumindo a coreografia como um recorte deste fluxo; desconstrói supostos limites entre um gesto comum e um gesto dançado revelando o movimento ininterrupto do corpo que vive. Seu resultado artístico, intitulado O PEIXE, estreou em agosto de 2017 sob a forma de uma instalação coreográfica.

ficha técnica

pesquisa em dança Érica Tessarolo / pesquisa sonora Daniel Dias / provocação Carolina Callegaro / oficinas Beatriz Sano e Renan Marcondes / design gráfico Renan Marcondes / produção Daniel Dias 

blog mergulhoseguinte.blogspot.com
  


PARA VER O AZUL DA CARNE (2010-2012)
coreografia / solo
indicação ao prêmio de Melhores do Ano pela FOLHA DE SÃO PAULO em 2012
circulação contemplada pelo PROAC 04/2011


foto de Cris Lyra

Coreografia inspirada na obra do pintor Francis Bacon. Um olhar sobre o tríptico “Três Estudos para Figuras ao pé de uma Crucificação” que busca possibilidades para uma investigação de movimento e coreografia. Representa o fechamento de uma longa pesquisa na qual Érica Tessarolo, envolvida com coreógrafos que trabalham na intersecção entre diferentes linguagens artísticas, lança-se a sua própria transposição.

Conceitualmente,  reconhece “a carne” como símbolo da existência e local assumido de mergulho poético e investigação pictórica; apreende a imprevisibilidade na representação das figuras como um jeito singular de perceber, traduzir e provocar o mundo e assume a carne azulada do tríptico como metáfora para uma dança inusitada para o corpo.

Em cena, a dramaturgia revela a procura e a elaboração de uma expressividade particular. É uma coreografia de apelo visual, sendo possível notar que os movimentos são explorados de maneira plástica; assim como a trilha sonora, especialmente composta para o solo, e a iluminação. Em outras palavras, “para ver o azul da carne” se propõe como uma dança desenhada, esculpida ou pintada.

ficha técnica

dança Érica Tessarolo / música Daniel Dias / luz André Prado / figurino Mariana Costa / fotografia Cris Lyra / design gráfico Juliana Silva / captação de vídeo Osmar Zampieri e Daniel Lins / edição de vídeo Daniel Dias / produção executiva Alessandra Souza / assessoria de imprensa Canal Aberto 

blog paraveroazuldacarne.blogspot.com




SOBRE O LUGAR QUE HOJE DANÇO (2012)
texto / depoimento
e-book Sensorimemórias: um processo de criação da Companhia Perdida


foto de tela 

Peço licença pra ser informal, no sentido do dicionário mesmo, adj. que não observa formalidades. Sei que a definição não explica muito, mas talvez eu ajude dizendo que por aqui formalidades podem ser resquícios acadêmicos, conceitos rígidos ou mesmo desenhos com linhas duras.

Venho falar sobre um lugar que descobri recentemente através da nova pesquisa da Companhia Perdida. Chamo de lugar porque reconheço que ocupo com o meu corpo, mas poderia chamar de estudo coreográfico, solo de dança contemporânea ou performance em dança. Não pense que tanto faz pra mim porque não é verdade, prefiro apenas escolher as palavras que considero mais próximas do processo vivido. Isso posto, vamos ao que interessa.

Preparação um: deito no chão, às vezes massageio meus pés antes de deitar, quase sempre massageio as costas e sensibilizo a coluna com bolinhas de tênis, às vezes me lembro dos desenhos animados e dos atropelamentos constantes que estatelam as personagens no chão, não esqueço do dia a dia que também atropela, respiro lentamente e profundamente pra esquecer, agradeço sinceramente por existir um chão, faço exercícios do Método Feldenkrais tirados de um vídeo incrível disponibilizado na internet, lido sempre com uma dor aqui outra ali, rolo meu corpo sobre o chão até me sentar, percebo os vãos que meu corpo cria em relação ao chão, penso em esculturas de barro, cimento e granito, descubro sempre um jeito novo de ficar em pé, às vezes faço a “saudação ao sol” da Yoga, às vezes a “base enraizada” do Tai Chi e sempre caminho pela sala de ensaio sentindo o ar que desloco.

Preparação dois: reconheço que a pesquisa artística interfere em todos os aspectos da minha vida, deixo de lado a ilusão que separa vida pessoal da profissional, tomo distância e pulo igual criança fazendo “bombinha” na piscina, às vezes bato a cabeça, saio da água e só não seco os olhos, observo muito, silencio, questiono o por quê de fazer o corpo se lembrar daquilo que ele já fez questão de esquecer, percebo que emoções e sentimentos também podem lesionar, converso com quem acho que tenho que conversar, ouço as pessoas que estão comigo, prefiro não tirar conclusões, espero a experiência decantar, lido com as lembranças boas e as ruins, e também com aquelas que não consigo enxergar muito bem, busco músicas muito simples, deixo as melodias me organizarem, faço questão de lembrar da alegria que foi começar a dançar, reconheço o amadurecimento proporcionado pelo fazer ininterrupto, inspiro e expiro rapidamente.

O lugar: coluna móvel serpenteante como um conduíte, dedos das mãos afastados como que separados por linhas, braços e pernas articulados igual ao metro de medir coisas, espaços triangulares entre o corpo e o chão, uma aranha tecendo a teia, um malandro de passos curtos e trôpegos, um ninja intrometido, uma criança cansada, também os tecidos da Loie Fuller, o mar onde se dão os caldos, os “Trepantes” da Lygia Clark, os movimentos gráficos de um corpo pelo espaço, as explosões grandes e as pequenininhas, o vento forte e a brisa numa plantação de bambu, o gesto figurativo e abstrato do pintor Francis Bacon, o mexer desengonçado de uma galinha, o caminhar sobre cascas de ovos, o “Lugar que cega – sentado” da Tatiana Blass, o “Loss” do Antony Gormley, a canoa oscilante entre as margens opostas de um rio.

Cena: entro, entro realmente, e tendo entrado não fico olhando pelo lado de fora, ocupo o lugar e compartilho o desenvolvimento dessa ocupação, mostro as figuras que vejo e os borrões também, exponho, sinto a temperatura do meu corpo se elevar, nunca fecho a garganta e quase sempre emito sons baixos, às vezes pressiono os lábios e construo uma boca triste, percebo o suor das costas, às vezes lido com uma dor aqui outra ali, me divirto fazendo giros, desloco pelo espaço com passos curtos ou largos e bambos, costumo buscar um banco pra me sentar, suspendo meu corpo do chão, visito a casa da minha infância, cedo à gravidade a partir de uma movimentação interna, dos órgãos, fico recolhida no chão e agradeço sinceramente por ele existir, me organizo até ficar em pé, saio sentindo o ar mais frio do que meu corpo.

E depois de tudo isso, ou só isso, porque também depende de quem vê, fiquei com vontade de trazer o tempo desse lugar, que é parecido com o dos dias que abrigam todas as estações do ano. Ou com o dos acionamentos musculares, do fluxo sanguíneo, do sistema digestivo ou endócrino; com o tempo das sinapses. (E também) Uma tentativa assumida de ser musical.

Agora saio sentindo nas costas o peso de uma digitação mal feita, com os olhos entortados por tantas imagens, leve como depois de uma boa conversa; e sem black out.

e-book https://issuu.com/juliana.moraes/docs/sensorimemorias

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